quinta-feira, 17 de julho de 2008

CONCEITO DE INTENCIONALIDADE
NA FILOSOFIA HUSSERLIANA



Marcos Roberto Damásio da Silva[1]


RESUMO:
O presente artigo busca apresentar de forma clara e objetiva o conceito de intencionalidade na filosofia de Edmund Husserl. O termo é de certa forma um resgate utilizado pelo seu professor de filosofia em Viena Franz Brentano. Mas não só isso é também uma reutilização do conceito de intentio usado pelos escolásticos. O texto também é resultado de uma exigência à cadeira de Fenomenologia ministrada pelo Professor Doutor em filosofia Luiz Manoel Lopes, na Universidade Federal do Ceará, Campus Cariri, 2008.1.

Palvras-Chave: Fenomenologia, Intencionalidade, Consciência

RESUMÉ:
Le présent article presente de forme clair et objetive le concept d’intentionnalité en la philosophie de Edmund Husserl. Le terme c'est de certain forme un sauvetage utilisé par son enseignant de philosophie à Vienne Franz Brentano. Mais cela n'est pas aussi une réutilisation du concept d'intentio usé par les scolastiques. Le texte c’est aussi le résultat d’une exigence en matière Phenomenologie donné par l'Enseignant Docteur dans philosophie Luiz Manoel Lopes, na Universidade Federal do Ceará, Campus Cariri, 2008.1.

Mots-clé: Phénoménologie, Intentionnalité, Consciênce

INTRODUÇÃO
O presente artigo versará sobre a noção de Intencionalidade no pensamento do filósofo alemão Edmund Husserl e projetar-se-á através das seguintes obras: “Meditations Cartésiennes”, do próprio Husserl; “Idéias para uma fenomenologia pura e para uma filosofia fenomenológica”; “A metafísica do fenômeno: as origens medievais e a elaboração do pensamento fenomenológico”, ambas de André de Muralt, filósofo suíço especialista em fenomenologia husserliana. Também parte do pressuposto de que a fenomenologia não é uma ciência na área da psicologia, mas sim uma filosofia, dos objetos puros, semelhante (e apenas semelhante) ao idealismo platônico.
Filósofo alemão e de origem judaica, Edmund Gustav Albrecht Husserl, viveu de 1859 a 1938. Nascido na cidade alemã de Prossnitz, hoje Prostejov, na República Checa. Estudou além de filosofia, física, matemática e astronomia nas universidades alemãs de Leipzig, Berlim, e Viena, doutorando-se em filosofia no ano de 1882, com a seguinte tese: Beiträge zur Theorie der Variationsrechnung (Contribuição para a teoria do cálculo de variáveis). Em Viena estudou com o filósofo e psicólogo alemão Franz Brentano (1838-1917). Também nessa cidade Husserl entrou em contato com a fé luterana e se converteu em 1886 ao cristianismo, vindo a casar um ano depois com Malvine Steinschneider. Husserl faleceu em abril de 1938 e suas cinzas foram enterradas no cemitério em Günterstal, perto de Freiburg.
O pensamento Husserl a semelhança ao de Kant em seu tempo, também pretende salvar a metafísica das pretensões da ciência que empreendia eliminar tudo que não fosse dado empírico passivo de experimentações. O avassalador empirismo britânico encabeçado por Francis Bacon (1561-1626) e que teve seu ápice na exposição filosófica de David Hume (1711-1776), parecia capaz de mostrar-se firme mesmo em meio a insistente permanência da mais nova ciência “dos atos psíquicos”, nascia assim o psicologismo que é de certa forma a influência do empirismo lockeano sobre a filosofia, com isso, "reduzindo" a filosofia a uma espécie de psicologismo científico fortemente ligado ao positivismo.
Husserl, em reação a teoria do conhecimento produzida até seu tempo intenta em dá importância ao que se passa pela experiência da consciência do indivíduo através de uma descrição precisa do fenômeno, ou seja, de um objeto do conhecimento imediato. Husserl trabalha em sua filosofia conceitos como noema, nóesis, epoché a fim de investigar as operações da consciência através do que ele denominou de “redução fenomenológica”, a epoché, ou seja, o ato de pôr entre parênteses toda a existência empírica do mundo sensível. O projeto fenomenológico husserliana influenciou importantes correntes da filosofia contemporânea, tais como a ontologia de Martin Heidegger, e o existencialismo de Maurice Merleau-Ponty e de Jean-Paul Sartre.
O que de fato interessará a Husserl é a formulação de um método, o qual ele denominou de “Método Fenomenológico” e que somente em 1913 foi explicitado em suas Ideen zu einer reinen Phänomenologie (Idéias relativas a uma fenomenologia pura). Nessa obra de fundamental importância para a filosofia husserliana, a fenomenologia ganha propulsão e conotação de uma “philosophia prima”, tornando-se manifestas suas finalidades idealistas. Finalidades estas que foram mais tarde desenvolvidas nas seguintes obras: Formale und Transzendentale Logik (Lógica formal e transcendental) de 1929 e Erfahrung und Urteil (Experiência e Juízo) publicada dez anos mais tarde. O “Método Fenomenológico” cria sustentáculos firmes para a filosofia, pois para isso rompe decisivamente com os métodos dedutivo fruto da filosofia desde Aristóteles até o fim da Idade Média com a apropriação do pensamento aristotélico pelos escolásticos, e com o empírico, responsável pela negação do metafísico desde Guilherme de Occam, Bacon e Hume. Mas, têm em seu arcabouço pretensões em mostrar o que é facultado e em esclarecê-lo. O “Método Fenomenológico” não é deduzido a partir de princípios nem demonstrado por leis, mas é na realidade a consideração do imediato, ou seja, do que está diante da consciência e que tende para o objetivo.


A INTENCIONALIDADE HUSSERLIANA

Antes de uma apressada conceituação do que vem a ser intencionalidade na filosofia de Husserl, primeiro se faz necessário fazer alguns acenos sobre o conceito de fenomenologia no pensamento desse filósofo de extrema importância para contemporaneidade. À guisa de introdução, é apropriado afirmar que a fenomenologia sempre esteve presente em toda tradição filosófica
[2], sendo no entanto, sistematizada por Husserl e utilizada como método filosófico. Etimologicamente o termo deriva de duas palavras de origem gregas, phainomenon e logos. Dessa forma o conceito de fenomenologia é usado por Husserl em seu sentido original, uma “ciência dos fenômenos”, sendo que nesse caso o phainestai, é o que aparece para a consciência..
A fenomenologia husserliana é o método para apreender a essência plena das coisas mesmas (o que Platão introduziu na história da filosofia como eidos
[3]). Portanto, trata-se de uma investigação criteriosa dos objetos dados a priori que se apresentam na consciência enquanto inteligibilidade. Dessa feita, para Husserl, os objetos ideais estão classificados de forma preponderante em relação aos objetos da sensibilidade. Uma importante observação feita pelo filósofo existencialista Maurice Merleau-Ponty (1908-1961) é de muita valia para compreensão do projeto fenomenológico de Husserl. Afirma ele que a fenomenologia é: “uma reabilitação ontológica do sensível”[4]. Logo, já se pode perceber que a fenomenologia nasce com perspectivas ontológicas rompendo com toda e qualquer pretensão psicológica[5].
Se para Husserl a fenomenologia é um método que visa encontrar os fenômenos puros da consciência, cabe a ele descobrir um conceito mediador, dinâmico para sua filosofia. É assim que nasce a apropriação da intencionalidade husserliana. Husserl retoma de seu professor de filosofia dos tempos em que estudara em Viena, Franz Brentano o conceito de intencionalidade (intentio
[6]), que por sua vez foi buscar o termo nos medievais, principalmente na escolástica. Para Husserl a intencionalidade é a forma “apropriada de ser da consciência”, é nesse sentido que se diz que “não há consciência que não esteja em ato, dirigida para um determinado objeto”. É a consciência sempre intencionada a algo. Já os objetos só têm sua existência garantida enquanto adequados a consciência do sujeito que o capta:

“A palavra intencionalidade não significa outra coisa senão essa característica geral da consciência de ser consciência de alguma coisa, de implicar, na sua qualidade de cogito, o seu cogitatum em si mesmo”[7].
A proposta husserliana de intencionalidade torna-se inovadora no tocante, não só pela crítica ao psicologismo, mas também em dar uma nova conotação ao termo. Desde os medievais o conceito já era utilizado, primeiro no âmbito da moral, mas, posteriormente, foi também aplicado a gnosiologia, até que Franz Brentano reutiliza-o na fundamentação de sua Psicologia do Ato, conceito esse que propõe que o “fenômeno psíquico” se estabeleça não como conteúdo, mas sim como ação. A complexidade dessa filosofia fenomenológica se dá via heranças das escolas medievais e modernas, pois desde Tomás de Aquino, Duns Scot, Suárez, passando por Descartes e Kant até a apropriação do psicologismo brentaniano é um amealhado de significados e que culminam no brilhantismo do mestre de Freiburg. O que Husserl na realidade faz é empreender o retorno do intentio, e reapresentá-lo como inseparável da ação do conhecimento:

“Pertence à essência das vivências de conhecimento (Erkentniserlebnisse) ter uma intentio, significar alguma coisa, referir-se a uma objetividade”.[8]
André de Muralt identifica uma complicação para a compreensão da noção de intencionalidade adquirida dos escolásticos, pois tal noção é retirada de uma “significação principalmente moral”[9]. O que Muralt está dizendo é observável, por exemplo, na noção de intentio encontrada em Tomás de Aquino (1225-1274), onde a intenção é o desejo adquirido potencialmente, ou seja, o objeto desejado (nesse caso moral) não fora ainda adquirido realmente, mais apenas em potência na mente de quem deseja, já o possui. A intenção deseja possuir o objeto, deseja-se concluir o que em potência já está na consciência, é uma constante busca pelo télos da intenção. Nesse debate, tomou-se outro rumo a questão, os escolásticos levaram a discussão para o campo da gnosiologia, entendendo que “também a inteligência tende para um objeto”[10].
Embora a pergunta sobre o que é conhecimento seja basicamente moderna, isso é, aparece como ruptura com a questão ontológica iniciada pela filosofia pré-socrática, não se pode negar que o conhecimento sempre constitui o objeto mais estimado do pensamento filosófico em todo o período da história da filosofia. Se para Platão conhecimento é “uma crença verdadeira e justificada”, para os escolásticos o conhecimento é o resultado da síntese entre objeto e potência. Ou seja, “da apreensão intencional de uma realidade e sua conseguinte expressão”. Isso equivale afirmar que o sujeito conhece por intermédio do intelecto ou por viés sensitivo, mas para isso deve haver um objeto que é conhecido pelo sujeito. Nas palavras de Tomás de Aquino “A memória é o tesouro e o lugar de conservação das imagens”[11]. Para tal elucidação, recorro-me mais uma vez a Muralt:
“O conhecimento apreende seu objeto nela, incorpora-se a ela e lhe dá uma existência imanente diferente da existência real, e é nessa existência imanente, de algum modo ideal, que ela se completa a partir de agora. A intencionalidade torna-se, portanto, uma tendência da consciência para a representação e, como esta representa o objeto, a consciência é remetida ao objeto que ela não possui realmente.”[12]
Aqui, salta-nos aos olhos a sutil diferença entre a intencionalidade moral e a intelectual ou cognoscível para os medievais. Enquanto que o ato moral inclinado pela volição humana atinge um objeto real, o intelectual chega apenas ao conceito ou a representação na mente, ou seja, uma tendência cognoscível. Nesse ínterim, salva-se a posse imediata de Deus. De Deus só se pode obter uma representação não sensível, logo, só se atinge o conceito. Tomás de Aquino resolve essa problemática alegando que o conceito como finalidade do ato cognoscível é inquestionavelmente a “representação do objeto intencional”, e somente através do conceito a inteligência atinge o objeto mesmo, ou seja, na essência.
Muralt aborda ainda mais duas escolas medievais em busca de clarificar o conceito de intencionalidade, são: a escola scotista e o pensamento de Suaréz
[13]. Esses dois pensamentos não serão abordados aqui nesse artigo por questão de delimitação do trabalho e por reconhecer a preponderância do pensamente tomista em relação aos demais. Mas, para mais informações poder-se-á consultar a obra de André de Muralt, “A metafísica do fenômeno: as origens medievais e a elaboração do pensamento fenomenológico. Trad. Paula Martins. São Paulo: Editora 34, 1998.”.
Afastando-se um pouco dos medievais, chega-se ao fecundo solo da intencionalidade propriamente husserliana em sua forma plenamente filosófica. Para tal, Husserl denomina de “redução transcendental” a aplicação do “método fenomenológico” à consciência pura (o sujeito). Aqui se faz mais clara a noção de intencionalidade. Por “redução transcendental”, também conhecida como “redução eidética”, conceito trabalhado por Husserl até o final de sua vida, e que ficara inacabado, e, talvez por isso não ficou tão claro para seus estudiosos, trata-se do ato de descartar o desnecessário, sair do existir de fato (Dasein) para a essência da existência (Wesen). Husserl elevou a fenomenologia a um patamar superior até então ocupado, ocupando-se apenas dos fenômenos puros da consciência transcendental. Com essa elevação da fenomenologia enquanto filosofia fenomenológica, Husserl queria atingir uma metodologia perfeita para a filosofia. Seu intuito era garantir a certeza absoluta.

CONCLUSÃO

A partir da noção de intencionalidade husserliana é possível identificar a abrangência que seus discípulos deram ao termo na tentativa de expandir a noção à diversas áreas do conhecimento. O filósofo suíço e especialista em fenomenologia husserliana, André de Muralt, em sua obra já citada, “A Metafísica do Fenômeno” cita apenas dentre os franceses três autores que se utilizaram da “filosofia fenomenológica” de Husserl e disseminaram-na.
“Para citar apenas os autores franceses: Merleau-Ponty na Phénoménologie de la perception, Sartre em L’être et le néant, Dufrenne na Phénoménologie de la expérience esthétique”[14].
Pode-se também incluir entre os franceses os filósofos alemães como Martin Heidegger (1889-1976) e Max Scheler (1874-1928). Ambos deram suas contribuições para a expansão do pensamento fenomenológico e são responsáveis diretos com grande soma de produção intelectual. A fenomenologia ainda é de fato atual e de extrema importância na análise filosófica contemporânea. Fica em aberto a pergunta feita por Muralt, na terceira parte de sua obra A Metafísica do Fenômeno, “O empirismo da escola francesa ou a ontologia heideggeriana, qual é o herdeiro legítimo do mestre de Freiburg?”[15]
A análise da vivência intencional mostra as duas esferas do conceito de intencionalidade desenvolvida por Husserl. Daí se pode concluir que o sujeito é absolutamente indispensável para o objeto, e o objeto como essencialmente dado ao sujeito puro. A existência da realidade não é considerada necessária para o ser da consciência pura – daí a crítica do psicologismo, pois isso prejudicaria a reabilitação do paciente –, mas, por outro lado, o mundo das “coisas” transcendentes depende absolutamente da consciência efetiva. A realidade é absolutamente desprovida de autonomia, é carente do caráter absoluto, é somente aquilo que, “em princípio, não é senão intencional, ciente, algo que mostra-se”.
O que se pode concluir a partir da apropriação da noção de intencionalidade husserliana? Fica evidente que tal noção ocupa lugar central na filosofia de Husserl. Em sua teoria está explícito que o que é “pensado está idealmente no pensamento”
[16], logo, a intencionalidade está arraigada nas raízes da idéia, e é inerente a uma "consciência intencional". Aqui surge claramente a diferença entre os conceitos de Brentano e Husserl. Brentano não chega a fazer menção nem indiretamente a uma "consciência intencional". A utilização por parte de Brentano caracteriza-se essencialmente em diferenciar entre fenômenos psíquicos e fenômeno físicos, essa aplicação é apenas psicológica. Diferente de Husserl que aplica a intencionalidade no âmbito do fenômeno eidético encontrado apenas pela redução eidética.

REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA

HUSSERL, Edmund. Meditations Cartésiennes, Paris: J. Vrin. 1966.

________________. Idéias para uma fenomenologia pura e para uma filosofia fenomenológica. Trad. Márcio Suzuki. Prefácio de C.A. Moura. São Paulo: Idéias e
Letras, 2006.

MURALT, André de. A metafísica do fenômeno: as origens medievais e a elaboração do pensamento fenomenológico. Trad. Paula Martins. São Paulo: Editora 34, 1998.

VINE, W. E. & UNGER, Merril F. & WHITE, William Jr. Dicionário Vine: O Significado Exegético e Expositivo das Palavras do Antigo e do Novo Testamento. Rio de Janeiro. CPAD. 1995. Trad. Luís Aron de Macedo. 1115 p.

NOTAS:
[1] Bacharelando em Filosofia pela UFC - Universidade Federal do Ceará (Campus Cariri). E-mail: damasio_ufc@hotmail.com
[2] Poder-se-á destacar três significados de fenomenologia durante toda a história da filosofia: "teoria das aparências", termo cunhada por Jean-Henri Lambert. Na filosofia de Hegel, em Phänomenologie des Geistes (Fenomenologia do espírito; 1807), onde ele demonstra uma espécie de lógica do conteúdo e uma introdução à filosofia, e em Husserl nas primeiras décadas do século XX, onde ele denota o estudo dos fenômenos em si mesmos. (http://br.geocities.com/sidereusnunciusdasilva/- fenomenologia.htm)
[3] ei=doj, “aquilo que golpeia os olhos, o que é exposto a vista”, significa aparência, forma ou figura externa. Não significa o ato de ver, mas a aparência visível das coisas que são postas. Cf: VINE, W. E. & UNGER, Merril F. & WHITE, William Jr. Dicionário Vine: O Significado Exegético e Expositivo das Palavras do Antigo e do Novo Testamento. Rio de Janeiro. CPAD. 1995. Trad. Luís Aron de Macedo. 1115 p.
[4] M. Merleau-Ponty, Signos, São Paulo. Martins Fontes, 1991, p. 184. (Citado por Maria Edivânia Vicente dos Santos em sua dissertação de mestrado “Ética e corpo próprio em Merleau-Ponty” defendida em 2006 na Universidade Federal de Pernambuco - UFPB).
[5] Husserl critica o Psicologismo no primeiro volume do seu “Logische Untersuchungen“(Investigações lógicas) de 1900-01com o título Prolegomena,
[6] Intentio tem ligações com “finalidade” ou “fim visado” Foi em São Tomás de Aquino que Brentano encontrou o termo intentio.
[7] "Le mot intentionalité ne signifie rien d'autre que cette particularité foncière et générale qu'a la conscience d'être conscience de quelque chose, de porter, en sa qualité de cogito, son cogitatum en elle-même". HUSSERL, Edmund. Meditations Cartésiennes, Paris: J. Vrin. p. 28
[8] Citado por Nelson Ernesto Coelho Junior da obra: Husserl, Edmund. Die Idee der Phänomenologie. Em: Husserliana, La HaH Haye: Martinus Nijhoff. 1950.
[9] MURALT, André de. A metafísica do fenômeno: as origens medievais e a elaboração do pensamento fenomenológico. p. 63.
[10] Op. Cit. p. 64.
[11] AQUINO, Tomás de. Suma Teológica, I, q.29, 7.
[12] MURALT, André de. A metafísica do fenômeno: as origens medievais e a elaboração do pensamento fenomenológico. p. 65.
[13] Francisco Suárez, teólogo jesuíta espanhol que nasceu em 5 de Janeiro de 1548 em Granada, e morreu em 25 de Setembro de 1619 em Lisboa. Estudou Latim e Direito de 1562 a 1564 em Salamanca. Estudo filosofia no noviciado 1566-70 e Teologia em Salamanca.
[14] Op. Cit. p. 80.
[15] Op. Cit. p. 63.
[16] "Le pensé est idéalement présent dans la pensée”. (Lévinas - En découvrant l'existence avec Husserl et Heidegger, Librairie Philosophique J. Vrin, Paris)

quarta-feira, 2 de julho de 2008


TEORIA REFERENCIAL EM AGOSTINHO:
UMA CRÍTICA WITTGENSTEINIANA


Marcos Roberto Damásio da Silva[1]


Resumo:
Será proposto no presente artigo uma explanação da crítica wittgensteiniana à concepção da linguagem em Agostinho. Tendo como base o segundo Wittgenstein, a teoria da concepção denotativa ou referencial em Agostinho. Propõe-se para tal pesquisa a análise de duas obras: Investigações Filosóficas, escrita em 1953 e Confissões, datada de 397-400. Não caberá aqui tratar do pensamento do primeiro Wittgenstein por caráter de delimitação da pesquisa, embora dedique alguns acenos, sendo apenas analisado o segundo Wittgenstein e sua crítica a linguagem em Agostinho. O objeto da crítica de Wittgenstein é propor um “esclarecimento” à teoria agostiniana, a qual julgava primitiva, Com isso, também pretende reparar sua própria concepção de linguagem expressa no Tractatus Logico-Philosophicus (1921), no qual ele afirmou conter “erros graves”.

Palavras-chave: Agostinho, Wittgenstein, Linguagem, Denotação, Referência.


Resumé:
Sera proposé dans présent article un exposé de la critique wittgensteiniana à la conception de la langue dans Augustin. En ayant je mange base selon Wittgenstein, la théorie de la conception denotative ou le référentiel dans Augustin. Se propose pour cela recherche l'analyse de deux oeuvres : Recherches Philosophiques, écriture dans 1953 et Confessions, datée de 397-400. Il ne contiendra pas ici traiter de la pensée du premier Wittgenstein par caractère de délimitation de la recherche, bien qu'il consacre quelques acenos, en étant seulement analysé selon Wittgenstein et sa critique la langue dans Augustin. L'objet de la critique de Wittgenstein est proposer une « clarification » à la théorie agostiniana, qui jugeait primitive, Avec cela, aussi il prétend réparer sa propre conception de langue exprimée à le Tractatus Logico-Philosophicus (1921), dans lequel il a affirmé contenir des “erreurs graves”.

Mots-clé: Augustin, Wittgenstein, langue, Dénotation, Réferénce


1. INTRODUÇÃO

Muito se tem produzido sobre a vida e a filosofia de Wittgenstein nos últimos decênios. Considerado como o filósofo mais influente do século XX, seu pensamento não passa pela tradição filosofia, alias, a não ser como crítico contundente. No entanto, à guisa de introdução é preciso fazer alguns acenos sobre como é dividida sua obra e como se deu a recepção à outros pensadores, como Agostinho, Russel e Frege. Assim também como seu legado à posteridade.


Será proposto no presente artigo uma explanação da crítica wittgensteiniana à concepção da linguagem em Agostinho, tendo como base o segundo Wittgenstein, a teoria da concepção denotativa ou referencial em Agostinho. Propõe-se para tal pesquisa a análise de duas obras: Investigações Filosóficas, escrita em 1953 e Confissões, datada de 397-400. O texto também não tem pretensões ostensivas, e nem toma como pressuposto a infalibilidade das noções aqui apresentadas. Não caberá aqui tratar do pensamento do primeiro Wittgenstein por caráter de delimitação da pesquisa, embora dedique alguns acenos, sendo apenas analisado o segundo Wittgenstein e sua crítica a linguagem em Agostinho.


A obra de Ludwig Josef Johann Wittgenstein (1889-1951)[2] é comumente dividida por seus estudiosos em dois períodos distintos, o “primeiro Wittgenstein” e o “segundo Wittgenstein”. O primeiro (período até 1929) é marcado pela teoria do significado contida no Tratactus Logico-Philosophicus. O segundo (posterior a 1930), nas Investigações Filosóficas (1953), por suas formulações críticas e pela superação do primeiro. O “segundo Wittgenstein” também pode ser conhecido em diversas outras obras póstumas, tais como Investigações Lógicas, Os Cadernos Azul e Marrom e Conferências e Discussões sobre Estética, Psicologia e Crença Religiosa.


É sabido que Wittgenstein foi muito influenciado por Arthur Schopenhauer, Bertrand Russel e Gottlob Frege, principalmente no que diz respeiro ao “primeiro Wittgenstein”. Quando o Tratactus foi publicado, em 1921, influenciou profundamente o seculo XX, principalmente o Círculo de Viena e seu positivismo lógico, também conhecido como empirismo lógico. Almejava-se, no entanto, com tal obra, uma solução para os problemas da filosofia, coisa que para muitos críticos não aconteceu.


Foi com o amadurecimento de sua filosofia que nasceu as Investigações Filosóficas. É nessa monumental obra que Wittgenstein constroi sua filosofia da linguagem trabalhando principalmente com o conceito de “jogo de linguagem”[3], onde afirma que o significado de uma determinada palavra é dado pelo uso da linguagem. Para tal empreendimento filosófico, Wittgenstein afirma ser insatisfatório o que escrevera no Tratactus.


“Isso, no entanto, não significa dizer que tenha passado a considerar suas primeiras reflexões pura e simplesmente como errôneas, mas sim como incapazes de elucidar todos os problemas da linguagem em virtude de resultarem de uma maneira ‘supersticiosa’ de abordagem.”[4]


2. CRÍTICA AO PARADIGMA AGOSTINIANO DA LINGUAGEM

Após breves exposições acerca da concepção de linguagem tanto em Agostinho como em Wittgenstein, apresentar-se-á, no entanto, a crítica propriamente feita por Wittgenstein à teoria referencial em Agostinho. Nas páginas iniciais, ou mais precisamente nos primeiros sessenta e quatro parágrafos de suas Investigações Filosóficas (Philosophische Untersuchungen), Wittgenstein apresenta sua crítica ao paradigma agostiniano da linguagem, ou como ele mesmo dizia: “uma determinada imagem da essência de linguagem humana”
[5]. Tal paradigma assenta-se numa concepção arraigada no pensamento filosófico tradicional. A esse modelo, Wittgenstein denomina de “representação primitiva”:


“Aquele conceito filosófico da significação cabe bem numa representação primitiva da maneira pela qual a linguagem funciona. Mas, pode-se também dizer, é a representação de uma linguagem mais primitiva do que a nossa” [6]


Embora a obra principal em que Agostinho trata especificamente da linguagem seja De Magistro traduzida para o português com o título O Mestre, será trabalhada aqui a crítica à famosa citação da obra Confissões[7]. A concepção da linguagem extraída por Wittgenstein das Confissões não se preocupa em elaborar uma teoria da linguagem propriamente dita, em termos modernos, visto que a citação de Wittgenstein das Confissões encontra-se em uma obra de cunho religioso de Agostinho, e se trate de uma descrição pessoal, e como ele aprendeu a utilizar a linguagem.


A priori, o que se pode afirmar sobre tal citação é que as pretensões de Agostinho são plenamente teológicas. Por outro lado, a questão da linguagem não é novidade no campo da filosofia. Desde Platão, o próprio Agostinho, Francis Bacon[8], Leibniz e muitos outros filósofos que surgiram antes do avanço da filosofia analítica, fizeram menções ou abordaram diretamente o assunto. Se por um lado deve-se evitar anacronismos, por outro não é lícito afirmar que a análise da linguagem é uma questão apenas da contemporaneidade.


As palavras de Agostinho contidas nas Confissões 1/8 trazem em si um forte peso histórico e filosófico da representação do conceito de linguagem durante todo o período clássico e também medieval, acentuando assim, tanto a patristica como a escolástica. Segundo o próprio Wittgenstein, esse conceito permeia toda a estima tradicional acerca da linguagem. Nesta passagem clássica das Confissões de Santo Agostinho, ele descreve o modo como se aprendia a linguagem quando ainda era criança:


“Se os adultos nomeassem algum objeto e, ao fazê-lo, se voltassem para ele, eu percebia isto e compreendia que o objeto fora designado pelos sons que eles pronunciavam, pois eles queriam indicá-lo. Mas deduzi isto dos seus gestos, a linguagem natural de todos os povos, e da linguagem que, por meio da mímica e dos jogos com os olhos, por meio dos movimentos dos membros e do som da voz, indica as sensações da alma, quando esta deseja algo, ou se detém, ou recusa ou foge. Assim, aprendi pouco a pouco a compreender quais coisas eram designadas pelas palavras que eu ouvia pronunciar repetidamente nos mesmos lugares determinados em frases diferentes. E quando habituara minha boca a esses signos, dava expressão aos meus desejos”[9]


Wittgenstein desprende esforços para mostrar um tipo de reducionismo praticado por Agostinho ao se referir a linguagem como denominação (ou representação) dos objetos. É a partir dessa citação que Wittgenstein ataca não só a visão agostiniana da linguagem, mas também os pressupostos principais do conceito tradicional de linguagem, onde a função constituinte das palavras é nomear os objetos. De acordo com essa visão de linguagem, cada palavra tem um significado determinado por um ato que correlaciona a palavra ao objeto. Daí ele conclui:


"Nessas palavras temos, assim me parece, uma determinada imagem da essência da linguagem humana. A saber, esta: as palavras da linguagem denominam objetos - frases são ligações de tais denominações. Nesta imagem da linguagem encontramos as raízes da idéia: cada palavra tem uma significação. Esta significação é agregada à palavra. É o objeto que a palavra substitui"[10]


Agostinho empreende sua concepção de linguagem inserido em sua filosofia caracteristicamente eidética com raízes profundas no platonismo, de onde retira seus pressupostos filosóficos. Ou seja, a essência da linguagem para Agostinho, encontra-se nas raízes da idéia[11]. Para ele a linguagem exige o conhecimento prévio do objeto significado, pois é somente através das palavras que haverá associação da palavra pronunciada com a representação já existente na mente, ou seja, a referencia.


É aqui que se encontra o ponto máximo da fundamentação da teoria referencial ou denotativa no Bispo de Hipona. Para tal teoria o significado de uma palavra (verbum) é o objeto que ela nomeia, ou seja, as palavras só têm utilidades quando funcionam como sinais (sigma)[12]. Para tanto o significado de uma palavra pode ser alcançado quando simplesmente se a pronuncia apontando para o objeto correspondente. É nessa esfera da denotação que se patenteia o fundamento da significação lingüística, visto que a ação de apontar o objeto e pronunciar o seu nome é o momento em que se estabelece a significação da palavra.


Poder-se-á, portanto, afirmar que todas as teorias que consideram que o significado de uma palavra é algo que pode ser encontrado no mundo, tomam como pressuposto essa visão agostiniana da linguagem. Wittgenstein não vê com bons olhos essa compreensão, que toma “todas as palavras como nomes e todas as sentenças como descrições”, pois para ele, isso implica diretamente num reducionismo, numa compreensão errônea do funcionamento da linguagem, pois essa formulação é tomada como única possibilidade lingüística.

3. “JOGOS DE LINGUAGEM”, SOLUÇÃO DE UM MODELO


“Aqui encontramos a grande questão que está por trás de todas essas considerações. Pois poderia objetar-me: ’você simplifica tudo! Você fale de todas as espécies de jogos de linguagem possíveis, mas em nenhum momento disse o que é o essencial do jogo de linguagem, e, portanto da própria linguagem. O que é comum a todos esses processos e os tornam linguagem ou parte da linguagem”[13]


A priori, poder-se-á constatar que Wittgenstein não se dedica à criação de uma “teoria do uso”. Todavia, a criação do conceito de “jogos de linguagem” empurra sua filosofia da linguagem a afirmar uma “teoria do significado”. Essa característica da filosofia wittgensteiniana evidencia-se quando se examina o parágrafo 7 de suas Investigações Filosóficas. Logo em seguida introduz como analogia a expressão “semelhança de família”. Mas não será abordado aqui tal expressão.


Após afirmar o caráter primitivo da noção de linguagem agostiniana entendida desde os clássicos, Wittgenstein passa então a elucidar a partir das ilustrações das compras e dos construtores (A e B), qual a real intenção com tal citação, a saber: descrever um “sistema de comunicação” onde não passa de um treinamento para uma criança quando ela começa a falar:


“Tais formas primitivas da linguagem emprega a criança, quando aprende a falar. O ensino da linguagem não é aqui nenhuma explicação, mais sim um treinamento [...]. As crianças são educadas para executar essas atividades, para usar essas palavras ao executa-las, e para reagir assim às palavras dos outros”[14]


Contemplando esse modelo agostiniano, e mais precisamente buscando elucidar o problema da significação, nasce o conceito-chave de “jogos de linguagem” desenvolvido nas Investigações filosóficas a partir do parágrafo 7, sendo explanado mais detalhadamente do parágrafo 65. É a partir do parágrafo 7 que Wittgenstein chama a atenção para a “práxis do uso da linguagem”. Ele chama a atenção para o fato de que a linguagem não é inerte, fixa ou com uma única função, mas ao contrário a linguagem é dinâmica exercendo diversas funções. Essa semelhança entre a linguagem e os “jogos”, se dá por sua atividade e por ser guiada por regras, mostrando com isso a diferença básica entre a teoria referencial em Agostinho e a concepção de linguagem no segundo Wittgenstein. Sendo assim, o significado da palavra não é o objeto que nomeia, mas é determinado pelo conjunto de “regras”.


Norman Malcolm certa vez afirmou que Wittgenstein iniciou as Investigações Filosóficas citando Agostinho por acreditar que “se uma mente tão formidável a sustentou”[15] só poderia ser importante tal noção de linguagem. O que faz Wittgenstein superar a noção de linguagem como denotação expressa na filosofia clássica e em Agostinho é sua formulação do conceito de “Jogos da Linguagem”. Para Wittgenstein, estamos inseridos em diversos Jogos de Linguagem. Esses jogos têm suas regras que precisam ser seguidas para que os jogos sejam jogados. Portanto, ficam claras as pretensões de uma linguagem como ato, como ação.

4. CONSIDERAÇÕES CONCLUSIVAS

Muitos comentaristas são taxativos em afirmar que “Wittgenstein modificou rapidamente a orientação de sua filosofia”
[16] em virtude das Investigações filosóficas, são revolucionais em relação seu primeiro trabalho. No “segundo Wittgenstein” se sobre sai sua concepção pragmática da linguagem, ou seja, passa a analisar os usos lingüísticos nas situações de comunicação. Na realidade, o que acontece na filosofia de Wittgenstein é um deslocamento do metafísico, fortemente presente no tractatus, para o pragmático desenvolvido nas obras póstumas. Em outras palavras, não o interessa mais se perguntar sobre o significado da palavra, mas sim, sua função pragmática.


A filosofia da linguagem do “segundo Wittgenstein”, destaca o fundamental papel dos jogos da linguagem como ligações representativas entre o mundo e a realidade. Se no tractatus Wittgenstein discorre sobre as relações entre realidade e linguagem, nas Investigações Filosóficas o que existe é a linguagem independente da estrutura da realidade. O “primeiro Wittgenstein” marca sua influencia legando subsídios para o Circulo de Viena, já o segundo, deixa marcas profundas na “filosofia lingüística” do grupo de Oxford. “Também nesse caso, os admiradores de Wittgenstein chegam a considerá-lo “o pai da filosofia lingüística”[17].


Ludwig Josef Johann Wittgenstein foi de fato um filósofo da linguagem em todos os aspectos, e com certeza o mais influente e mais brilhante. Ele sintetiza sua filosofia nas seguintes palavras: “todo meu trabalho consiste em explicar a natureza das sentenças”. Daí, conclui-se seu empenho e labor pela filosofia e pela linguagem. Um lógico-filósofo que admite nunca ter lido Aristóteles, e mesmo assim ter sido tão expressivo na contemporaneidade só pode ser um gênio ou até mesmo um Filósofo.


REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA

WITTGENSTEIN, Ludwig. Investigações Filosóficas, Trad. Marcos G. Montagnoli, 4ª ed., Bragança Paulista: Editora Vozes, 2005. 350 p.

_____________________. Tractatus Logico-Philosophicus. São Paulo: Edusp, 1994.

AGOSTINHO, Santo. Confissões, Trad. Angelo Ricci, 4ª ed., São Paulo: Editora Abril Cultural, 1980. 426 p.

_________________. De Magistro. In: Santo Agostinho, São Paulo: Abril Cultural, 1973, Coleção Os Pensadores.

MORENO, Arley R. Wittgenstein: Os Labirintos da Linguagem: ensaio introdutório, 2ª ed., São Paulo: Editora Moderna, 2000. 112 p.

SHOJI, Rafael. Condições de Significado na Linguagem Mística. Revista de Estudos da Religião. Nº 4. p. 54-73. 2003.

DONAT, Mirian, Significado como uso da linguagem nas Investigações Filosóficas. Cadernos de Estudos Petianos. Nº 2. ANO 2. p. 89-1001. 2006.


NOTAS:


[1] Bacharelando em Filosofia Pela UFC - Universidade Federal do Ceará – Campus Cariri.
[2] Wittgenstein nasceu em Viena, a 26 de abril de 1889. Seu pai era diretor de uma grande siderúrgica austríaca. Sua mãe, fora música e de família de banqueiros vienenses. Sua família, de ascendência judaica, mas que se convertera ao protestantismo, havia emigrado da Saxônia para Áustria.
[3] Os “jogo de linguagem” (Sprachspiel) é a noção fundamental na filosofia de Wittgenstein. Constituem o modo de existência e exercem de forma primordial as relações entre a linguagem e o mundo.
[4] WITTGENSTEIN, Ludwig. Investigações Filosóficas, pg 13.
[5] Id. Ibid. p. 27
[6] Id. Ibid. p. 28.
[7] confissões (do lat. Confessiones) foi escrita de 397 a 400 A.D. é uma autobiografia religiosa, na qual Santo Agostinho relata a sua vida antes de se tornar cristão e sua conversão ao cristianismo. Ele comentando sua própria obra, afirmando que a palavra confissões, não significa apenas confessar pecados, mas significa acima de tudo adorar a Deus. Poder-se-á, no entanto, afirmar que é um hino de louvor a Deus.
[8] No tocante a Bacon, a questão da linguagem é abordada em sua teoria dos ídolos. O ídolo do foro, Assim chamados “devido o comércio e consorcio entre os homens”.Compreendem os erros implicados na ambigüidade das palavras e na comunicação entre os homens. Pois como afirma Bacon: “os homens se associam graças ao discurso”. Para mais detalhes conferir: BACON, Francis. Novum Organum, Os Pensadores, Nova Cultural,
[9] Id. Ibid. p. 28.
[10] Id. Ibid. p. 27
[11] Agostinho utiliza o termo idea igualmente a Platão utiliza eidos, ou seja, “forma pura”, “ente inteligível”.
[12] “(...) as palavras são apenas sinais, e que não podem ser sinais as coisas que nada significam.” (De Magistro, cap. VII).
[13] Id. Ibid. p. 52.
[14] Id. Ibid. p. 29
[15] Citado por Alexandre N. Machado em As Investigações Filosóficas de Wittgenstein: Estilo e Método. Apresentado em II Colóquio Prazer do Texto, UFBA, 2006. (http://alexandremachado.50webs.com/investigacoes.pdf)
[16] WITTGENSTEIN, Ludwig. Investigações Filosóficas, p. 13
[17] Id. Ibid. p. 16